Notícias

[Diário do Comércio] CBMM agrega valor à produção e faz mineração do futuro

28 de abril de 2025

Em entrevista para o Diário do Comércio, diretor executivo da Fundepar destaca a importância da articulação entre universidade e mercado

 

Redação/edição: Mara Bianchetti – Diário do Comércio

 

A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) é uma empresa que, em seus quase 70 anos de existência, opta por práticas já alinhadas ao que se espera da indústria da mineração atualmente. O presidente da companhia, Ricardo Fonseca, explica que, para além da escolha por parte da própria empresa de agregar o máximo de valor às suas operações, conta o fato de o core business não ser diretamente o minério.

 

“A gente não vende concentrado, diferentemente de várias outras empresas de mineração. Desde o início, nosso principal desafio foi desenvolver aplicações para os produtos de nióbio. Ou seja, há 70 anos, ninguém nem sabia o que era nióbio, essa é a verdade. O nióbio foi descoberto em 1801 e, em 1953, essa reserva que hoje está sendo trabalhada por nós. Por isso, a história do nióbio no Brasil se confunde com a história da CBMM”, afirma.

 

União entre academia e setores público e privado é essencial para o desenvolvimento

 

O diretor da Fundepar, gestora de investimentos criada pela Fundep (Fundação de Apoio à Pesquisa da UFMG e outras instituições), Carlos Lopes, chama atenção para importância da participação do Estado enquanto fomentador e direcionador de negócios disruptivos e com visão de longo prazo – como o da CBMM – na agregação de valor. E fala da importância do planejamento de longo prazo quando se busca mudanças profundas ou disruptivas, como a vocação econômica de Minas Gerais e a dependência histórica da mineração.

 

“A CBMM só é um caso sucesso porque há muita pesquisa e competência técnica envolvida e isso não se faz sem a academia. Não basta ter o espírito empreendedor ou querer fazer um negócio disruptivo. Se você quiser apenas melhorias incrementais, basta trabalhar em otimização de processos, novos equipamentos ou novos fluxos de operação. Mas quando se busca uma diversificação econômica, por exemplo, é preciso ter visão de longo prazo. E nesses casos, o Estado atua como um fomentador e direcionador dessas estratégias”, avalia.

 

Ele lembra que toda a comunidade acadêmica está de portas abertas para esse tipo de parceria. Mas pondera que é preciso alinhar expectativas e ter, igualmente, uma visão de longo prazo. “Entender como as cadeias funcionam, que cada um tem seu papel e um momento certo dentro da jornada também é fundamental. O setor público entra no início, compra o risco da iniciativa até para estimular o capital privado a apostar naquele negócio ou iniciativa, após atingido certo nível de maturidade. A questão é que, muitas vezes, isso vai demorar a acontecer, o que diminui as chances de se alcançar o objetivo final”, completa.

 

Por isso a atuação do Estado se faz tão importante e funciona como um direcionamento para uma meta mais palpável, conforme Lopes. E a aproximação entre academia e o setor privado aparece de maneira complementar, em vistas a orientar a alocação de recursos e garantir o sucesso do que se almejou.

 

A reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sandra Regina Goulart Almeida, reforça esse argumento. Segundo ela, a articulação entre a academia e o setor privado é fundamental para fomentar a ciência e até mesmo encorajar empresas a investirem em transferência de tecnologia, transformando projetos em produtos rentáveis e capazes de impulsionar o desenvolvimento econômico e social do País.

 

Neste sentido, ela cita um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) que mostra que um aumento permanente de 10% no estoque de pesquisa básica nacional pode aumentar em cerca de 0,3% a produtividade de um país. “Isso mostra que investimento em ciência, tecnologia e inovação retorna muito mais rápido do muitos outros tipos de investimentos”, explica.

 

Mas algo que preocupa, conforme a professora, é o volume de investimentos que Minas Gerais tem feito em pesquisa e desenvolvimento nos últimos anos. Espirito Santo e Amazonas, por exemplo, já aportam valores maiores. “Eles estão investindo hoje para colher no futuro. Algo que os outros países já aprenderam. A Coreia, quando enfrentou a grande crise nos anos 1990, fez justamente isso, investiu em educação e hoje já desponta como uma potência no cenário internacional. O retorno do investimento em ciência e educação não ocorre no curto prazo, mas no longo prazo ele vem”, confirma.

 

Sandra Goulart lembra que o Marco Legal de Ciência e Tecnologia mudou muito as relações entre as empresas e a academia nos últimos anos, mas admite que poucas pessoas conhecem esse marco e as possibilidades que ele oferece para a iniciativa privada. “Ele permite, por exemplo, que os laboratórios de uma universidade sejam usados pela iniciativa privada. Ou seja, se uma empresa não quer construir seu próprio laboratório, ela pode usar a estrutura da academia. Isso já é realidade na UFMG”, conta.

 

Por esses e outros motivos, a reitora usou uma expressão bem mineira para representar o potencial do Estado a um grupo de empresários na sede da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), no último dia 15. Ela disse: “Minas tem a faca e o queijo na mão”.  

 

“Minas é o estado da federação que tem o maior número de instituições públicas de educação superior e precisa tirar proveito disso. Temos um grande potencial de geração de inovação que precisa ser impulsionado. Mas não se pode pensar em inovação sem ciência de base. As soluções demoram 10, 20 anos para se consolidar”, disse na ocasião.

 

Por fim, apresentou a Vitrine Tecnológica da UFMG, um espaço virtual que reúne os registros de patentes da universidade, como forma de ofertá-los ao mercado e atrair possíveis investidores. E revelou que o contrário também é possível de ser feito, a partir de demandas específicas do setor privado.

 

Confira a matéria completa no site do Diário do Comércio.

 

Compartilhe o nosso conteúdo:

Posts Recentes: