Iniciativa da Quintessa e Cietec, o Deepclimate busca gerar deeptechs mais maduras, favorecer que as soluções dessas empresas sejam adotadas pelo mercado, e, com isso, um pipeline qualificado para investimentos e de impacto positivo
“A pauta de enfrentamento à crise climática começou como uma causa, mas, hoje, já é também uma pauta econômica”. Assim, Anna de Souza Aranha, coCEO da Quintessa, iniciou o evento de lançamento do programa Deepclimate, nesta terça (06), em São Paulo (SP). A iniciativa, executada pela Quintessa em parceria com o Cietec, tem a Fundepar como uma das apoiadoras e busca transformar o ecossistema brasileiro de deeptechs, favorecendo os investimentos do setor.
De acordo com Aranha, o Deepclimate surge do entendimento de que a crise climática também representa perdas para setores estratégicos da economia nacional, como, por exemplo, o agro e demais commodities de exportação. São impactos, em níveis globais, como perda de produtividade, escassez hídrica, aumento de custos de produção, danos à infraestrutura, entre outros.
Por outro lado, o Brasil está em posição de destaque como potência no desenvolvimento de tecnologias disruptivas, com 77% dos pesquisadores da América Latina e 58% das patentes registradas da região. Mas, mesmo assim, existe uma demanda por aproximar o cenário fértil de inovação do país com o mercado de negócios validados e maduros.
O programa Deepclimate atua nesse contexto, nos estágios iniciais de desenvolvimento de uma deeptech climática oferecendo assistência técnica e conexões qualificadas com o mercado, financiadores e investidores.
O custo de não fazer nada
O diretor executivo da Fundepar, Carlos Lopes, pontuou diferenças entre os investimentos de risco tradicionais e os voltados para deeptechs climáticas. “É preciso apoiar o desenvolvimento de negócios que unam o retorno financeiro ao impacto positivo no combate às mudanças climáticas”, afirmou Lopes.
Ele destacou a importância de aprofundar o debate sobre as adaptações necessárias ao modelo atual de venture capital, incluindo mudanças nos critérios de análise de risco e retorno, assim como na percepção do tempo de maturação que essas tecnologias exigem. De acordo com Lopes, é fundamental que essa mudança de entendimento se transforme em capital paciente, assim como em programas e veículos de investimentos específicos que, além de considerarem uma maior atuação junto às empresas investidas devem ter foco em estágios mais iniciais de desenvolvimento, preenchendo um enorme gap na cadeia de investimento enfrentado pelas deeeptechs brasileiras.
“O Brasil tem um grande potencial de assumir a posição de líder no desenvolvimento de soluções para o combate às mudanças climáticas, assim como no desenvolvimento de deeptechs, de forma geral. Mas, é necessária a estruturação de um ecossistema mais favorável a essas startups. Esse ecossistema deve conter apoio governamental com recursos financeiros, mas também direcionamentos estratégicos e outros benefícios, como modelos de garantia de aquisição de produtos, por exemplo.Pelo lado da indústria de capital de risco, precisamos aumentar o apetite ao risco e assumir a responsabilidade de atuar no desenvolvimento dessas empresas em estágios mais iniciais. E, para isso, tanto o apoio governamental quanto a filantropia podem ajudar na mitigação do risco em estruturas de blended finance atraindo ainda mais capital privado”, destacou Carlos Lopes.
Próximos passos
O Deepclimate mapeou quatro focos de atuação das deeptechs que integram o programa: Uso da terra, descarbonização da agricultura e soluções baseadas na natureza; descarbonização da indústria; água, saneamento e economia azul; desastres climáticos e justiça. Atualmente, o programa está em busca de novos parceiros e investidores com potencial para apoiar mais de 40 deeptechs nos próximos meses.
Para mais informações, acesse o site do programa, clicando aqui.